Seja bem vindo!!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sapucaia poderá receber 300 toneladas de lixo.

Já atuando com a capacidade máxima, o aterro de Pedro do Rio vem trabalhando apenas com uma área 150 metros para descarte do lixo doméstico, mas esta não é a única problemática. O lixo hospitalar, que deveria ser incinerado, está sendo aterrado em uma área que o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) já considerou como inapropriada, por ter atingido o limite máximo de exploração da mata do local. O incinerador está quebrado há alguns meses e só deve ser entregue daqui a 20 dias. A licença para o uso do aterro sanitário controlado vence em junho deste anos e com a indefinição do consórcio que levará os aterros dos municípios de Petrópolis, Areal, Paraíba do Sul, Levy Gasparian e Sapucáia para Três Rios, caso a Prefeitura não consiga a extensão do prazo, o município terá que pagar o transporte de todo as 300 toneladas de lixo para Sapucaia. Apesar da Prefeitura negar que há nascentes no local e ter até apresentado uma planta que comprova o fato, o engenheiro Carlos Alberto Salgueiro, que foi membro da diretoria da Comdep no ano de 1998 afirma que mesmo com as técnicas feitas pela Comdep no aterramento, tanto do lixo doméstico quanto o hospitalar o risco de contaminação existe. “Na minha época aquele espaço tinha plantações de hortaliças, plantas fitoterápicas e uma área verde imensa que já foi toda devastada. O lago que há no local tem uma água completamente contaminada pois já jogaram até lixo lá dentro. Hoje posso afirmar que há risco de contaminação do solo e dos lençóis freáticos pois tanto o aterramento do lixo domiciliar, quanto o hospitalar está sendo feito de maneira errada. Eles estão empilhando o lixo em camadas e com a chuva e a combustão natural sempre desce uma parte do chorume por baixo da terra. Mesmo com os drenos que eles fizeram, o volume de lixo é muito grande. O que não se pode permitir é que futuramente, quando aquele aterro for desativado, a prefeitura deixe as pessoas construirem no local, pois então pode acontecer o mesmo que aconteceu no Morro do Bumba.”, alertou.

A Comdep informou em nota que: “O  estudo de contaminação é solicitado periodicamente a uma empresa especializada, feito por um corpo técnico capacitado, com o objetivo de manter o controle sobre o possível impacto das atividades do aterro. Além disso, a análise é realizada sempre que requerida por um órgão fiscalizador. O próximo laudo já foi solicitado à concessionária Águas do Imperador e será realizado em breve”.

Mesmo com a afirmação, Carlos Alberto Salgueiro explica que os testes devem ser feitos em diversos pontos e constantemente. “Na CPI das chuvas de 2011 solicitamos a Prefeitura a cópia dos laudos. Não adianta nada eles terem laudos de um lado ou de um ponto. A questão da contaminação do solo e da água é muito mais complexa pois precisa-se analisar o terreno como um todo e as áreas próximas.”, disse.

Por conta das perdas da mata a Comdep afirmou ainda: “O plantio de capim colonião e braquiária é feito periodicamente nos taludes e, além disso, a Companhia já conta com um projeto para a recuperação vegetal de toda a área tão logo o aterro seja desativado com a ativação do novo espaço em Três Rios. A terra utilizada para aterrar o lixo é proveniente de obras de terraplanagem realizadas em diversos pontos da cidade e levadas ao aterro pelas próprias empreiteiras, que precisam de um local para o descarte do material, reutilizado no processo de tratamento do lixo.”, afirmou.

Apesar da Comdep explicar que “As águas pluviais são direcionadas a manilhas por meia-canas, passam por uma escada hidráulica e levadas ao rio, sem ter contato com o lixo.”, Carlos Alberto Salgueiro afirma que em dias de temporais, a força das águas são capazes de levar o chorume até para a BR 040. “É inadmissível que esse lixo hospitalar seja aterrado. Os hospitais seguem uma determinação da Anvisa e segue uma série de regras de descarte dos resíduo e por fim esse lixo altamente tóxico é descartado de maneira inadequada. Apesar da comdep alegar que a água das chuvas são direcionadas pelas canaletas, só quem já esteve no local em dias de chuva forte sabe a força que aquela água tem. Estamos lidando com uma bomba relógio e a prefeitura, infelizmente, não está dando atenção devida a uma situação dessa gravidade.”, finaliza.

Entenda o caso.

Em fevereiro deste ano, membros de uma comissão do Conselho de Saúde, o Comsaúde, esteve no aterro sanitário de Pedro do Rio após denúncias de que o lixo hospitalar estaria não só sendo aterrado no local, como não tendo sua finalização apropriada, a incineração. O ex-conselheiro, Thiago Pires, que foi o relator da comissão na época, esteve no local com a comissão de fiscalização e constatou um agravante: há uma nascente próxima ao local onde está sendo aterrado os lixos produzidos nos hospitais do Municipio. “Nós recebemos várias denúncias, uma delas seria que passava uma nascente próxima ao local e os lixos estariam sendo aterrados em sacos de plásticos. Fomos até o local e comprovamos que há sim um foco de água atras do barranco, não sabemos ao certo se é uma nascente, mas se os lixos realmente estão sendo descartados indevidamente o risco de contaminação do solo e da água é altíssimo.”, alertou.

Ainda no mês de fevereiro, representantes da prefeitura de Petrópolis e dos municípios de Areal, Paraíba do Sul, Levy Gasparian, Sapucáia e Três Rios, decidiram sobre que área seria desapropriada e que destinaria a implantação do Aterro Sanitário, em Três Rios, município que passará a receber todo o lixo de Petrópolis, possibilitando a desativação do aterro controlado de Pedro do Rio. O local já foi escolhido, de acordo com o Procurador-Geral na Procuradoria Geral do Município de Três Rios, Sebastião Medice, mas o dono do espaço ainda não entrou em acordo com a Prefeitura de Três Rios sobre o valor do arrendamento. “Esse local já funciona um aterro, que seria desativado para a expansão e implantação de um aterro modelo como aconteceu em Sapucai. É um processo um pouco longo, já que depende de várias etapas, mas a prefeitura de Três Rios está trabalhando ativamente para cumprir essa proposta que já tem até o recurso do Governo do Estado. Nos próximos dias deve ocorrer o processo de licitação para saber que empresa será responsável para fazer a coleta do lixo que viria para Três Rios, para ser enviado para Sapucaia. Assim que essa questão for definida o aterro poderá ser desativado para as obras do novo aterro modelo.”, finaliza.

Fonte: E-Tribuna