Cada R$ 1 investido por
governos em saneamento básico economiza R$ 4 em custos no sistema de saúde,
estimaram especialistas presentes no 4º Seminário Internacional de Engenharia
de Saúde Pública, em março pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
"A partir do momento em
que o cidadão tem um sistema de distribuição de água em quantidade e qualidade
certas, as doenças de veiculação hídrica, como diarreia e esquistossomose, por
exemplo, vão diminuir. Se diminuem as doenças, a quantidade de vezes que uma
mãe vai levar o filho com desinteria ao médico vai diminuir", disse o
diretor do Departamento de Engenharia da fundação, Ruy Gomide.
Em todo o mundo, 1,9 milhão
de mortes infantis são causadas por diarreias todos os anos, segundo dados
apresentados por Léo Heller, professor da Universidade Federal de Minas Gerais.
Do total de doenças registradas na população, 4,2% se devem à falta do saneamento
básico.
Para Ana Emília Treasure,
especialista da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) é preciso ir ainda
mais longe nas pesquisas de saúde sobre o impacto do saneamento básico, pois a
falta de água potável ou a presença de contaminações poderia estar ligada
também a doenças crônicas. "Temos de conferir a contaminação da produção
de alimentos, por exemplo. Esses alimentos contaminados nas plantações podem
estar se tornando um fator de risco para enfermidades crônicas, e essa água
pode estar causando câncer ou prejudicando o crescimento das crianças."
Especialistas em saneamento
e o presidente da Funasa, Gilson Queiroz, defenderam que os gastos com o setor
voltem a ser contabilizados no piso da saúde, valor mínimo definido por lei que
cada município, estado e a União deve empregar na saúde.
"Uma das melhores ações
preventivas de saúde é um ambiente saudável, com o esgotamento sanitário e a
coleta de resíduos. Isso traz economia para os serviços de atendimento médico,
reduz a fila dos serviços de saúde e reduz os casos de doenças infecciosas e
parasitárias. Com a desvinculação, perde-se recursos de repasse obrigatório,
que poderiam ser empregados nas ações preventivas", defendeu Gilson.
Após intenso debate na
comissão mista que tratou do Orçamento no Congresso, os gastos com saneamento
deixaram de ser computados no piso da saúde, definido pela Emenda 29, que
determina percentuais mínimos de investimento em saúde pela União, pelos estados
e municípios. A União precisa aplicar valor correspondente previsto no
Orçamento do ano anterior, corrigido pela variação do crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB). Os estados devem aplicar 12% do que arrecadam anualmente
em impostos e os municípios 15% de sua receita.
Fonte e Foto:
Agência Brasil