A poda drástica que vem
sendo realizada desde o final do mês de maio ao longo de todas as ruas da
cidade pela Divisão de Parques e Jardins da Prefeitura Municipal de Além
Paraíba vem sendo motivo de inúmeras críticas por parte da população.
A poda tem deixado as
árvores completamente desgalhadas, restando-lhes apenas o caule. A
justificativa é que a copa das árvores atinge a fiação elétrica da Energisa,
daí a necessidade dos galhos serem cortados radicalmente.
Algumas pessoas chegam a
classificar o ato da Prefeitura como uma verdadeira “carnificina ambiental”.
Por outro lado, a Divisão de Parques e Jardins da Prefeitura justifica a poda
dizendo que a mesma é solicitada por muitos moradores, que temem por suas
residências. Mas a forma como as árvores vêm sendo cortadas é que causa
toda a polêmica, a ponto de ter gerado até mesmo uma ocorrência policial,
no final do mês de maio, na Ilha Gama Cerqueira. As árvores das ruas daquele
bairro foram todas “decepadas” e a ação da Prefeitura chegou à Praça principal
da Ilha Gama Cerqueira. Uma moradora, revoltada, interferiu, impedindo a
continuação da poda, alegando que a mesma estava sendo feita de forma que
danificava as árvores, pois os galhos, assim como no restante da cidade,
estavam sendo cortados até o caule. O Secretário Municipal de Obras,
Levindo Dias, esteve na Ilha Gama Cerqueira e ordenou a suspensão do
serviço de poda na praça daquela bairro, mas as ruas não haviam sido poupadas
anteriormente.
O responsável pela Divisão
de Parques e Jardins, Aldonei dos Santos, há anos funcionário da Secretaria de
Obras, justificou a poda drástica pois, segundo sua avaliação, “as árvores não
eram podadas corretamente há cerca de 3 ou 4 anos”. Aldonei informou que o
resultado do atual trabalho de poda será visível com o tempo e afirmou que não
existe uma época determinada para realizar a poda de árvores: “Ela é feita
quando necessária”. Ele revelou que, na Ilha Gama Cerqueira, foram os próprios
moradores do bairro a solicitarem o desbastamento das árvores, através de
um abaixo-assinado contendo 126 assinaturas. Apesar das justificativas e diante
dos inúmeros protestos, inclusive em redes sociais, os oitis da Praça da Ilha
Gama Cerqueira— com exceção de dois que foram mutilados— sobreviveram. O mesmo
não se pode afirmar com relação à grande maioria das árvores das ruas de Além
Paraíba— uma cidade carente de sombras. Os casos mais gritantes são a extensão
da Avenida Dezoito de Julho e a Rua São Geraldo, em que as árvores foram
“peladas até o talo”, de forma impiedosa.
Até mesmo ferrenhos
defensores do governo Fernando Lúcio dessa vez discordaram da medida de
agressão ao meio ambiente. O episódio da poda drástica teria sido, inclusive um
dos fatores que acabaram gerando o pedido de demissão do assessor técnico do
Departamento de Cultura, Carlos Torres Moura. Um defensor inconteste da
arborização urbana, Carlos Moura protestou via Facebook e foi mais além: chegou
a contratar, com recursos financeiros próprios, um engenheiro agrônomo
especialista em arborização urbana para fazer um laudo sobre as podas e outras
irregularidades na arborização das vias públicas da cidade. A sua luta pessoal
teve apenas um lado positivo: o bairro de Porto Velho, onde ele reside, foi
preservado. As frondosas árvores das ruas José Mercadante e Antônio Augusto
Junqueira continuam intactas. O mesmo não se pode dizer com relação a outros
bairros da cidade. Depois de ter apresentado o laudo à Prefeitura, Moura viu
cessar a poda drástica, mas a Ilha do Lazareto passou a receber a “poda
ornamental”— também criticada por muitos— com as árvores transformadas em
“caixotinhos”. Revoltado com a situação e também por outros motivos pessoais,
entre eles problemas de saúde, o Assessor Técnico do Departamento de Cultura
“pediu para sair”— fato que a grande maioria dos que militam na Cultura local
lamentam profundamente.
Fonte e foto:
Agora Jornais Associados