De 39 internos que passaram pelo local, 22 se profissionalizaram e 11
estão inseridos no mercado de trabalho
A Casa de Semiliberdade de Muriaé –
Polo de Educação de Medidas Socioeducativas completou um ano no último dia 25
de novembro e, entre os principais resultados, comemora a inserção de 11 jovens
no mercado de trabalho. A instituição atua junto a adolescentes em conflito com
a lei e visa à ressocialização por meio do estudo e profissionalização.
Regiane Barreto, proprietária de um
restaurante na cidade, abriu as portas da empresa para um dos internos. Após o
cumprimento da medida, ele foi contratado. Segundo Regiane, a disponibilidade e
a vontade de trabalhar do adolescente foram fundamentais para a contratação.
“Ele é muito interessado e caprichoso, um ótimo funcionário”, define. De acordo
com ela, a empresa não tem outras vagas no momento, mas assim que tiver uma
oportunidade, pretende direcionar para outros internos do Polo de Medidas
Socioeducativas. “É importante a comunidade ajudar e participar”, afirma.
Os adolescentes atendidos pela
unidade são submetidos à agenda de atividades diárias, com horários específicos
para ver TV, banho, frequentar a escola, cursos profissionalizantes, trabalhos,
atendimentos técnicos e fazer a alimentação. Eles também precisam ajudar na
organização e limpeza interna da casa. Os adolescentes vão sozinhos para as
atividades externas e precisam voltar no horário combinado. A equipe técnica
que os acompanha na unidade é composta por assistente social, psicóloga,
pedagoga, advogado e auxiliar educacional.
Atualmente nove adolescentes são
atendidos no local. Oito estão inseridos em cursos profissionalizantes, sendo
dois no Curso de Manutenção de Máquina de Costura Industrial oferecido pelo
Senai; um no Curso Técnico em Contabilidade realizado pelo Pronatec; e cinco
adolescentes inseridos nos cursos de informática básica, Excel, Word e
Internet, oferecidos pelo Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Muriaé. Além
disso, um dos adolescentes já está inserido no mercado de trabalho
P.R.S tem 16 anos e, há dois meses, é
interno da Casa de Semiliberdade em Muriaé. Envolvido com drogas desde os 13, o
menor conta com o apoio dos profissionais do local para superar o vício, está
estudando e pretende trabalhar. “Tinha parado na 5ª série, agora voltei, quero
terminar os estudos, trabalhar e cuidar dos meus irmãos”, diz ele, que perdeu a
mãe há pouco mais de uma semana. Além do estudo, P.R.S. faz curso de computação
no Centro de Vocação Tecnológica (CVT) e acredita que a medida socioeducativa
vai ajuda-lo. “Aqui é um lugar para a gente mudar e melhorar de vida”, conclui.
De acordo com a diretora da Casa de
Semiliberdade, Aieska Zabo, a unidade tem capacidade para atender a até 16
adolescentes. “Durante este primeiro ano de funcionamento, passaram 39
adolescentes na Casa. Avaliamos positivamente o trabalho realizado, pois,
dentro deste quantitativo, tivemos 22 adolescentes certificados em cursos
profissionalizantes e 11 foram desligados da medida de semiliberdade e
inseridos no mercado de trabalho”, avalia.
A Casa de Semiliberdade de Muriaé é resultado de um
convênio firmado entre a Subsecretaria de Atendimento às Medidas
Socioeducativas (Suase), da Secretaria de Estado de Defesa Social, e a ONG
Pemse (Polo de Evolução das Medidas Socioeducativas), e conta com o apoio da
Prefeitura. Nesta quinta-feira (29), será realizada a cerimônia de comemoração
do primeiro ano de funcionamento do local.
Semiliberdade
A semiliberdade é uma medida restritiva de liberdade prevista no art.
120 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Sujeita aos princípios da
excepcionalidade, brevidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento, a semiliberdade pode ser determinada como medida inicial, ou
como forma de transição para o meio aberto. A política de execução desta
medida, traçada pela Suase, prioriza o desenvolvimento de um trabalho com as
famílias, a construção de parcerias com a rede de saúde e educação, atendimento
técnico, o encaminhamento para formação profissional, as oficinas e as
atividades de cultura, esporte e lazer, que são desenvolvidas de forma a criar
condições para que o adolescente possa se responsabilizar pelo seu ato.
Nas casas de semiliberdade os adolescentes podem sair durante o dia para
estudar ou receber tratamento médico e em seguida devem retornar. A liberdade é
restrita durante oito dias após o ingresso na casa, e depois de 45 dias já é
permitido, nos finais de semana, dormir na casa da família.
Fonte: Governo de Minas
Crédito das fotos: Welington-Pedro